Galiza


                              


GALIZA: Umha naçom no fim da Europa
Galiza é um país situado no Noroeste da península Ibérica. O seu território abrange 35.691,9 km2 , estendendo-se desde os cabos e rias que modulam a sua costa atlántica até as altas montanhas que traçam umha fronteira natural no Leste.
A sua populaçom é de  2.751.094 habitantes, concentrada sobretodo na costa.
Galiza dispom de 8 cidades de mais de 50.000 habitantes, destacando Vigo e a Corunha (de quase 300.000) como as urbes galegas, seguidas de Ourense, Compostela (a capital nacional), Lugo, Ferrol, Ponferrada e Ponte Vedra.
Tradicionalmente, a populaçom galega divide o seu país em dous entes territoriais: as comarcas e as paróquias.
As comarcas som umha entidade geográfica composta por um território delimitado sob critérios históricos, naturais e funcionais. Habitualmente a comarca galega está composta por umha cabeça urbana ou semi-urbana e um território com populaçom disseminada.
As paróquias som entidades territoriais menores compostas por um ou vários núcleos de populaçom. Estas divisons tradicionais, venhem de época pré-romana, sendo tomadas pola Igreja católica para organizar o culto, daí o nome de paróquia. Estas som mais de 4.000.
Situaçom actual:
  • O território nacional galego acha-se actualmente dividido pola administraçom do Estado espanhol em três realidades diferentes: a Comunidade Autónoma Galega, a administraçom do Principado das Astúrias (Terras do Návia-Eu, Vale do Íbias) sob administraçom de Castela e Leom (a regiom do Berzo e a Seabra). @s habitantes destas “comarcas exteriores” tenhem negada legalmente a sua pertença ao povo galego.
  • Galiza um país até há escassas décadas eminentemente rural, vive na actualidade um processo de urbanizaçom por mor das brutais reconversons sofridas nos últimos anos no sector primário, polas exigências da UE.
  • Cerca de 90% da populaçom da Galiza pertence ao Povo Trabalhador (assalariad@s, desempregad@s, reformad@s, etc.) e, segundo os baremos europeus, 30% vivem abaixo do limiar da pobreza. @s galeg@s som significativamente mais pobres do que a média do Estado espanhol e da Uniom Europeia, tenhem baixos salários, inferiores reformas e pensons, e suportam maiores taxas de precariedade laboral, temporalidade, desemprego e sinistralidade laboral; o qual fai com que cada ano sejam muitos milhares (principalmente jovens) @s que se vem obrigad@s a emigrarem na procura de trabalho.
  • Embora tenha matérias primas e seja excedentária na produçom energética, a Galiza é um país periférico, empobrecido polo capitalismo espanhol. A renda média de umha/um galeg@ é 3.500€ inferior ao do conjunto estatal.

GALIZA: Umha naçom milenária
Os primeiros vestígios de umha cultura particular no território que hoje chamamos Galiza, remontam à Idade de Bronze, época em que se desenvolve no Noroeste peninsular a cultura dos Castros ou Castreja.
Isto traz que Roma constitua este território, polas suas particularidades, como província, a Gallaecia.
Com a queda do Império romano, os suevos (povo germánico) estabelecem-se na Gallaecia, constituindo o primeiro estado da Europa medieval. A conflituosa relaçom com o reino visigodo acaba com a conquista e anexaçom do reino suevo quase dous séculos depois.
A desfeita dos visigodos perante a invassom musulmana deixa o poder nas maos dos senhores feudais galegos, que demoram poucos anos em acabar com a efémera presênça musulmana. Entom entram em conflito com o centro político asturiano, que pretende sometê-los à sua autoridade. As rebelions alternam-se com as loitas por impôr o próprio candidato ao trono, o que se conseque as mais das vezes até o século XI.
O Reino da Galiza evoluirá durante toda a Idade Média, definindo-se a sua identidade, o seu território, etc, e intercalando períodos de plena independência com outros de “federaçom” ou dominaçom com os reinos peninsulares que se viriam a constituir.
Com o reinado dos Reis Católicos afinais do século XV e século XVI, há mudanças muito importantes. Estes aplicam umha política chamada “Doma e castraçom do Reino da Galiza” em todos os ámbitos:  eliminaçom de sectores produtivos autóctones, supressom da administraçom específica do reino e eliminaçom ou deportaçom da nobreza galega, proibiçom da língua,… Esta política imperial reforçará-se em toda a Idade Moderna; no entanto, o Reino da Galiza como entidade administrativa perdurará até o século XIX.
Será nos séculos XVIII e XIX, com os Borbons, que se aprofunde a centralizaçom do Império espanhol, o que traz a desapariçom do Reino da Galiza e a divisom territorial actual.
No XIX começam a surgir vozes discordantes com a política espanhola na Galiza. Tal acontece a nível teórico e protopolítico com o denominado Provincialismo, e a nível literário com o “Rexurdimento”, Rosalia de Castro, Eduardo Pondal, etc. Isto cristalizará também a nível político tendo como expoente mais notório já na década de 30 (II República Espanhola) do século XX a criaçom de forças políticas próprias. Neste momento destaca entre muitos, a figura de Castelao, imprescindível no desenvolvimento do nacionalismo galego. Os anos da II República som anos de conquistas operárias, feministas e populares, logros para a dignificaçom do povo galego, chegando-se a aprovar um Estatuto de Autonomia em Julho de 1936.
Com a subida ao poder do fascismo do ditador Franco, após um golpe de estado militar promovido polo Capital e a Igreja católica, começa a chamada “longa noite de pedra”. Milhares de galegas e galegos fôrom massacradas, apagárom-se por meio da força e o terror as esperanças de liberdade de este povo tam maltratado ao longo da história.
Os focos de resistência existírom durante os quase 40 intermináveis anos de ditadura, primeiro em forma de guerrilhas, muito activas nas montanhas da Galiza e depois com a reorganizaçom da esquerda  nacionalista a inícios de 60, a partir do qual se ramificará todo o Movimento de Libertaçom Nacional Galego. A resistência será tanto a nível político, cultural ou social como de auto-defesa armada; aqui cumpre nomear as mobilizaçons operárias de Ferrol e Vigo no ano 1972 ou a figura de Moncho Reboiras como principal dirigente da resistência armada, morto em combate em Agosto de 1975.
Com a morte do “caudilho” e a imposiçom do regime monárquico actual, derivado da ditadura, o nacionalismo galego tem duas vertentes, umha que claudicará às reformas do sistema (a maioritária) com umha prática autonomista, e outra, a da esquerda independentista, que seguirá apostando polo rompimento com Espanha, com o capitalismo e com o patriarcado, quer dizer, defendendo a independência, o socialismo e a emancipaçom da mulher.

Situaçom actual:
  • A reforma e adaptaçom da ditadura franquista ao regime actual, o denominado “Estado das autonomias”, nom fai mais do que aprofundar a opressom das naçons que encerra este cárcere de povos chamado Espanha.
  • Nos últimos anos, em contraposiçom à forte fascistizaçom que se está a viver no Estado espanhol, a classe operária galega, por meio de duas exitosas greves gerais, trava parcialmente a ofensiva permanente do capital, o estudantado deste país foi a cabeça das mobilizaçons contra as reformas educativas do fascismo espanhol no ano 2001. No ano 2002, Galiza pareceu acordar do seu letargo, mobilizando-se contra a criminosidade do capitalismo espanhol ante a catástrofe do afundamento do petroleiro Prestige. Um movimento sem precedentes na história deste velho país, articulado em torno da palavra de ordem NUNCA MAIS. Nomeando por último o maciço rechaço do povo galego à guerra imperialista no Iraque. A derrota eleitoral do franquismo que representava Fraga Iribarne em Junho deste ano abre umha nova etapa. Porém, só a luita obreira e nacional evitará que o novo governo do PSOE-BNG nom seja continuista das políticas neoliberais e espanholistas do PP.
  • Desde inícios deste século, o Movimento de Libertaçom Nacional Galego vive umha nova etapa de acumulaçom de forças, aparecendo a organizaçom independentista, socialista e antipatriarcal NÓS-Unidade Popular.

GALIZA: A naçom dos mil rios
A paisagem da naçom galega é muito diversa, umha costa em que se combinam os finos areais das rias com os escarpados alcantis da costa cantábrica. De suaves planuras como a Terra Chá às montanhas de mais de 2.000 metros do Leste. O ponto mais elevado é Cabeça de Égua com 2.135 m, na oriental comarca da Cabreira.
O clima e a vegetaçom som muito variáveis, sendo o carvalho o rei da flora galega, mas também azinheiras e vegetaçom mais mediterránea no sudeste, assim como proveitosas videiras nas comarcas mais cálidas.
Se algo define este país encravado no Atlántico é a água. Além de ser um povo marinheiro, di-se da Galiza que tem mais de mil rios. Em torno da principal bacia, a do Sil-Minho, discorrem numerosíssimos rios e regachos que traçam os vales e veigas que dotam esta naçom da sua particular geografia.
Situaçom actual:
  • Os finos areais e @s seus habitantes suportam cada ano os efeitos da hiperturistificaçom como um dos fins aos quais o colonialismo espanhol destina Galiza. Isto junto com as marés negras recebidas ciclicamente como fruto da negligência e da lógica predadora do capitalismo, provocando terríveis crises no sector pesqueiro, em que este país destaca mundialmente.
  • A vegetaçom autóctone está em perigo polos interesses das madeireiras, invadindo a Galiza com a praga do eucalipto e os incêndios florestais provocados. A Fraga do Eume, a floresta atlántica melhor conservada da Europa, está em perigo de desaparecer pola pressom das espécies foráneas (Eucalipto).
  • Mais de mil rios e mais de cem barragens; os rios galegos fôrom inçados de centrais hidroeléctricas até a saciedade, entre as conseqüências temos a desapariçom de numerosas espécies animais, a destruiçom de meios naturais irrecuperáveis ou a sepultura aquática de vilas históricas (Porto Marim na década de 60). Nengumha serra sem molinilhos eólicos, esta é parte da política institucional com os montes galegos. Isto num país que produz duas vezes a energia que consome… eis a segunda funçom que o Estado espanhol outorga à Galiza.

GALIZA: Umha naçom com tradiçom cultural
O Povo Galego é dono de umha tradiçom popular muito rica. Parte de umhas raízes pré-romanas pagás que arreigárom na religiosidade cristá e que actualmente modulam umha cultura popular que se nutre de contos e lendas baseados tanto na natureza, no trabalho, como em elementos mágicos e sobrenaturais.
Galiza, por meio do chamado “Caminho de Santiago” converte-se em foco cultural da Europa, chegando a este finis terrae múltiplas influências de toda a Europa. Influências que deixárom sedimento no desenvolvimento de umha literatura, umha arte ou umha música próprias.
A música está presidida pola gaita galega, mas na tradiçom musical deste país há todo o tipo de instrumentos, desde pandeiretas a sanfonas, acordeons, tamboris e um longo etcetera.
Isto junto de umha riquíssima lírica cantada de transmissom oral, falamos de milhares de cantigas espalhadas por lugares e aldeias.
Situaçom actual:
  • Após 500 anos de imposiçom de umha cultura foránea, a espanhola, a cultura popular está a desaparecer, isto agravado com o fenómeno da urbanizaçom, sendo o ámbito rural o da transmissom dos saberes do povo.
  • O mesmo ocorre com a literatura, a arte ou a música; a opressom espanhola interrompeu o seu desenvolvimento. No caso da música “regionalizou-se” e manipulou-se a gosto como nota folclórica da variedade do Império.
  • Com as tendências populacionais anteriormente citadas, além de umha despreocupaçom total das instituiçons, a dia de hoje centenas de cantigas de tradiçom oral morrem no esquecimento.
  • A educaçom espanhola criou neste povo a consciência de ser inferior, o auto-ódio, polo que existe um grande rechaço d@s própri@s galeg@s face todas as suas manifestaçons culturais.

GALIZA: Umha naçom com umha língua internacional
A língua própria da Galiza é a que internacionalmente se conhece como português e que constitui umha língua com variantes como o brasileiro, o luso-africano, ou o galego.
A língua da Galiza, conhecida entre nós om o nome de galego, nasce na Idade Média no Reino do mesmo nome, o qual abrange os territórios da actual Galiza mais o condado de Portugal.
Desenvolve-se umha rica literatura e umha tradiçom escrita própria.
Com a independência de Portugal e a sua conversom  em Império, a língua da Galiza estende-se polos 5 continentes, falando-a actualmente 220 milhons de pessoas.
Com os Reis Católicos, no Reino da Galiza proíbe-se a utilizaçom da língua galega em qualquer escrito, concentrando freiras e frades para os alfabetizar em espanhol.
A língua autóctone mantém-se nas camadas populares, mas paulatinamente vai-se espanholizando e deturpando até atingir certo grau de crioulizaçom.
Situaçom actual:
  • No ano 1982, o governo derivado do franquismo impom por decreto umha norma para escrever a língua galega que fixa as deturpaçons citadas e impom umha ortografia alheia, a do espanhol.
  • Com a criaçom da “Espanha das autonomias”, o galego entra no sistema educativo de jeito testemunhal, já que se imcumprem as já de por si fracas concessons.
  • A dia de hoje, a língua galega está em perigo de extinçom, em duas geraçons a perda de falantes foi maior de 50%, e em algumhas cidades, o número de galegofalantes jovens nom alcança 5%. Embora o número de galegofalantes absoluto seja de 40%, na juventude, o futuro de qualquer língua, as cifras caem até 10-15%.
  • Da educaçom espanhola nega-se qualquer pertença ao ámbito da lusofonia e mesmo se potencializa a visom do galego como dialecto do espanhol.
  • Nas “comarcas exteriores”, a perda de falantes é estrepitosa, e estas carecem de qualquer reconhecimento legal como galegófonos.